Leitura do Profeta Jeremias (Jer 17, 5-8)
Ideia principal: A autossuficiência daqueles que prescindem de Deus, recusando colocar-se nas suas mãos, é renúncia à felicidade e à vida em plenitude. Sorte bem diferente têm aqueles que confiam no Senhor.
– A primeira leitura deste domingo, do profeta Jeremias, faz boa companhia ao Evangelho, as bem-aventuranças segundo São Lucas, às quais se seguem as respectivas antíteses. Assim, tanto Jeremias como Jesus, apresentam os caminhos da bênção e da maldição. Duas formas opostas de entender a vida, que implicam, da nossa parte, uma escolha: confiar em Deus ou confiar na mundanidade.
– Os versículos que formam esta leitura fazem parte de um bloco de frases de Jeremias (cf. Jer 17, 5-13), através das quais, o profeta, recorrendo a antíteses, vai desenvolvendo o tema da confiança/esperança. Terão sido proferidas no reinado de Joaquim (609-597 a.C.), confia a segurança da nação, não a Jahwéh, mas aos egípcios, seus aliados, com quem faz alianças, as quais jeremias sempre atacou.
– O profeta declara maldito o homem que confia no homem, não para promover a desconfiança nos outros, mas para denunciar na autossuficiência de uma humanidade que quer construir sem Deus. Proclama bendito o homem que põe a sua confiança em Deus e n’Ele põe a sua esperança. O primeiro é como a tamareira do deserto, cujos frutos são mirrados e amargos; o segundo é como a árvore viçosa plantada à beira da nascente.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, livra a humanidade da soberba de querer construir sem Ti; livra-me a mim da tentação de querer viver a vida apoiado nas minhas próprias forças. É em Ti, Senhor, que ponho a minha confiança; és Tu, Senhor, a minha esperança. Que eu seja como um arbusto plantado à beira da água! Só em Ti, encontre a segurança, a solidez, a paz, a fecundidade, a abundância de vida. Amem.
LEITURA I – Jer 17, 5-8
Eis o que diz o Senhor:
«Maldito quem confia no homem
e põe na carne toda a sua esperança,
afastando o seu coração do Senhor.
Será como o cardo na estepe
que nem percebe quando chega a felicidade:
habitará na aridez do deserto,
terra salobre, onde ninguém habita.
Bendito quem confia no Senhor
e põe no Senhor a sua esperança.
É como a árvore plantada à beira da água,
que estende as suas raízes para a corrente:
nada tem a temer quando vem o calor
e a sua folhagem mantém-se sempre verde;
em ano de estiagem não se inquieta
e não deixa de produzir os seus frutos».