Leitura do Livro de Isaías (Is 50, 4-7)

Ideia principal: o “servo de Jahwéh” concretizou, com teimosa fidelidade e muito sofrimento, a sua missão, pelo que os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.

– Temos. como primeira Leitura, a profecia do Deutero-Isaías, os 4 primeiros versículos, do 3º poema do “servo de Jahwéh”. Quem fala é o próprio Servo, um discípulo a quem Deus abre os ouvidos até ao coração, para interiorizar a Palavra e levá-la, como consolo, aos que dela precisam. Tornei o meu rosto duro como pedra… apresenta-se disposto a levar até ao fim a missão que lhe é confiada.

– Foi espancado, insultado, esbofeteado, cuspiram-lhe na cara, mas ele não reagiu, não por ser insensível, mas por confiar no Senhor. Ao escutar esta leitura, somos instintivamente levados a comparar o que sucedeu ao Servo com aquilo que os soldados de Pilatos fizeram a Jesus… Ou seja, o Profeta, muitos séculos antes, anuncia que o Messias não seria um vencedor, mas alguém que oferece a sua própria vida.

– O “servo de Jahwéh” não se intitula “profeta”, porém, narra a sua vocação como se de um profeta se tratasse: a sua missão é o anúncio da Palavra, por isso está, continuamente, numa atitude de escuta de Deus; a missão profética realiza-se no sofrimento e na dor, mas a paixão pela Palavra sobrepõe-se ao sofrimento; a certeza de Deus não abandona aqueles que chama, torna o profeta mais forte do que a dor e o sofrimento.

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Ó Deus, Pai Santo, que nos enviaste Jesus, o “servo” que fez da Sua vida um dom por amor! Ajuda-me aprender com Ele o caminho: a vida entregue, posta ao serviço dos irmãos, não é perdida, mesmo que, numa lógica humana, pareça fracassada e sem sentido. Converte-me Senhor, para que eu seja, por minhas palavras e gestos, através do meu testemunho, Palavra viva, capaz de gerar vida nova para o mundo. Amem.

LEITURA I – Is 50, 4-7

O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo,
para que eu saiba dizer uma palavra de alento
aos que andam abatidos.
Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos,
para eu escutar, como escutam os discípulos.
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos
e eu não resisti nem recuei um passo.
Apresentei as costas àqueles que me batiam
e a face aos que me arrancavam a barba;
não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.
Mas o senhor Deus veio em meu auxílio,
e por isso não fiquei envergonhado;
tornei o meu rosto duro como pedra,
e sei que não ficarei desiludido.