Leitura do Livro do Génesis (Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18)
Ideia principal: Para chegar à vida nova, o discípulo tem em Abraão um modelo: Homem de fé, que escuta Deus, aceita os Seus apelos e os acata com total obediência, seguindo-os de todo o coração.
– A tentação de Abraão – sacrificar o seu filho Isaac – faz parte de um bloco de textos a que se dá o nome genérico de “tradições patriarcais” (cf. Gn 12-36). Neste episódio, quem é o tentador: Deus? É Ele que monta esta encenação trágica, monstruosa? Ou a tentação nasceu na cabeça de Abraão, que a determinada altura terá pensado que, como era costume na época, Deus lhe exigia o sacrifício do seu próprio filho? Eis, para nós, perguntas irrelevantes, já que a única coisa que deve interessa-nos é o ensinamento bíblico.
– A fé é sempre a resposta do homem a uma interpelação de Deus. É Deus quem Se revela, é Deus quem tem a iniciativa. A experiência da fé, no seu início, as mais das vezes, é perturbadora: Deus parece abrir um caminho que, às tantas, não tem saída; exige algo que supera as capacidades daquele a quem se dirige… Felizes os que, como Abraão perseveram e obedecem… Deus tranquiliza, apazigua, inquietando!
– Quantas vezes, por períodos longos da nossa vida, as coisas parecem ir de mal a pior… Abraão é o protótipo do crente ideal, que sabe escutar Deus e obedecer-Lhe com incondicional confiança. Perseverou na prova e viu cumpridas todas as promessas. Assim será com aqueles que O escutam, obedecem e confiam.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Ó Deus! Hoje me ensinas aquilo que, na sua experiência de fé, Abraão aprendeu… e por isso se apaziguou, e fizeste Aliança com ele, e viu cumpridas as promessas. Deste-lhe Isaac como dom, como filho da promessa. Abraão quis apropriar-se do filho… caminho provado… mas acabou por sacrificar a sua vontade de possuir Isaac. Ó Deus, que nesta quaresma eu consiga libertar-me de toda a vontade de possuir. Amem.
LEITURA I – Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18
Naqueles dias, Deus quis pôr à prova Abraão e chamou-o: «Abraão!»
Ele respondeu: «Aqui estou».
Deus disse: «Toma o teu filho, o teu único filho, a quem tanto amas, Isaac,
e vai à terra de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar.
Quando chegaram ao local designado por Deus, Abraão levantou um altar
e colocou a lenha sobre ele. Depois, estendendo a mão, puxou do cutelo para degolar o filho.
Mas o Anjo do Senhor gritou-lhe do alto do Céu: «Abraão, Abraão!» «Aqui estou, Senhor», respondeu ele. O Anjo prosseguiu: «Não levantes a mão contra o menino, não lhe faças mal algum. Agora sei que na verdade temes a Deus, uma vez que não Me recusaste o teu filho, o teu único filho». Abraão ergueu os olhos e viu atrás de si um carneiro,
preso pelos chifres num silvado. Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto, em vez do filho.
O Anjo do Senhor chamou Abraão do Céu pela segunda vez e disse-lhe:
«Por Mim próprio te juro – oráculo do Senhor – já que assim procedeste
e não Me recusaste o teu filho, o teu único filho,
abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu
e como a areia das praias do mar, e a tua descendência conquistará
as portas das cidades inimigas. Porque obedeceste à minha voz,
na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra».