Leitura do Livro da Sabedoria (Sab 2,12.17-20)
Ideia principal: Só a “sabedoria de Deus” possibilitará ao homem o acesso à vida plena, à felicidade sem fim. Por isso, o discípulo deve recusar a “sabedoria do mundo”.
– O autor do Livro da Sabedoria é um judeu de língua grega, do séc. I a. C., nascido e educado em Alexandria onde vivia uma numerosa comunidade de judeus. Exprime-se como um grego, mas sente como um judeu autêntico… Fala da sorte diversa que espera, depois da morte, o “impio” e o “justo”, com exemplos tirados da história do Êxodo, referentes aos pagãos (idólatras) e aos hebreus (fiéis a Jahwéh).
– Quem faz parte deste grupo dos “ímpios”? São os pagãos abastados e com estudos, que, pelo seu “estatuto social” desprezavam “os justos”, isto é, os israelitas que viviam no meio de deles, cujo estilo de vida constituía uma constante repreensão. Desafiam o próprio Deus, a quem “os justos” consideram Pai, para que os venha socorrer. Se Deus nada fizer por eles, torna-se claro que “os justos” vivem enganados.
– Tudo semelhante à ironia sarcástica daqueles que, passando junto à Cruz, troçavam de Jesus, o Justo por antonomásia. Os sofrimentos, provações e provocações a que estavam sujeitos “os justos”, veêm a ser as mesmas que sofreu Jesus, perseguido não porque era mau, mas porque era justo, por denunciar as injustiças e anunciar os valores do Reino. Por isso a Sua presença se tornou incómoda e acabou crucificado.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Ó Deus dos ímpios e dos justos, ó Senhor da minha vida! Justificaste por Teu Filho, Jesus, mas em meu coração permanece um ímpio malvado… Só a Tua sabedoria é verdadeira, porém, constantemente, vivo seduzido pela sabedoria do mundo que me afasta de Ti, meu Deus! Converte-me, Senhor! A verdadeira sabedoria, apenas ela – a Tua! – me pode tornar feliz, e fazer da minha vida uma vida com sentido. Amem.
LEITURA I – Sab 2, 12.17-20
Disseram os ímpios:
«Armemos ciladas ao justo,
porque nos incomoda e se opõe às nossas obras;
censura-nos as transgressões à lei
e repreende-nos as faltas de educação.
Vejamos se as suas palavras são verdadeiras,
observemos como é a sua morte.
Porque, se o justo é filho de Deus,
Deus o protegerá e o livrará das mãos dos seus adversários.
Provemo-lo com ultrajes e torturas
para conhecermos a sua mansidão
e apreciarmos a sua paciência.
Condenemo-lo à morte infame,
porque, segundo diz, Alguém virá socorrê-lo.