História e Património

História e Arte

Basílica dos Mártires: A história e a arte

Ajudado pelo auxílio divino, mais do que pela força dos homens, D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, ia hasteando a gloriosa bandeira das Quinas em muitas terras deste reino miraculosamente nascido em Ourique. Contudo, a ínclita cidade de Lisboa permanecia em poder dos mouros. Conquistá-la seria factor decisivo para a consolidação do reino e, também, para a expansão do cristianismo.

Quando naquele longínquo mês de Maio nisto meditava o nosso primeiro Rei, eis que do mar imenso surge o auxílio necessário: a Virgem Maria! Uma sua imagem, lindíssima, vem na primeira linha da luzida Armada de Cruzados, composta por cerca de 13 mil homens distribuídos por 200 navios, provenientes da Alemanha, da Flandres, da Normandia e, maioritariamente, da Inglaterra. Havia partido do porto inglês de Dartmouth e dirigia-se à Terra Santa para resgatar aos infiéis os Lugares de Jesus.

Sabendo o nosso piedoso monarca qual o destino dos Cruzados, pede-lhes ajuda na conquista de Lisboa, argumentando que muito agradaria a Deus que neste ocidente mais ocidental da Europa, aonde havia chegado o Apóstolo São Tiago Maior, se consolidasse a fé cristã. Depois de terem estado vários dias aportados no Porto onde decorreram as negociações sob a mediação do Bispo do Porto, D. Pedro de Pitões, fundeiam no Tejo a 29 de Junho de 1147. A tomada de Lisboa irá demorar 4 meses!

D. Afonso Henriques e o lendário Guilherme da Longa Espada, comandante dos inesperados aliados, logo se submetem à poderosa protecção da Virgem Maria, presente naquela sagrada imagem que desde o início da campanha servia de consoladora companhia aos Cruzados.

O Rei fez um voto que de imediato cumpriu quando as portas da cidade se abriram, em 25 de Outubro de 1147, quatro dias após a rendição do governador muçulmano: edificar em honra da Santíssima Virgem um templo onde o povo de Lisboa pudesse venerar aquela sagrada imagem e que permanecesse como memória, para os vindouros, da protecção prestada pela soberana Rainha àqueles valentes soldados que, movidos pela fé cristã, animados pela esperança e abrasados pela caridade, de forma humanamente inexplicável, dado o poderio das forças infiéis, dilataram o reinado de Cristo e conquistaram a cidade de Lisboa.

Num terreno fora das muralhas da cidade, benzido por D. João Peculiar, Arcebispo de Braga, que corajosamente permanecia junto do Rei desde o início da batalha, foram sepultados aqueles a quem, de imediato, a piedade popular proclamou mártires, testemunhas da fé, por terem dado a vida para que Lisboa se tornasse cristã.

Nesse local, a 21 de Novembro do ano da conquista, D. Afonso Henriques lançou a primeira pedra da igreja para onde foi trasladada a sagrada imagem da Virgem Maria que o povo começou a invocar como a Nossa Senhora dos Mártires, em honra dos seus mártires. Nesta pequena igreja se administrou o primeiro Baptismo após a providencial vitória.