São as palavras iniciais do anúncio do Anjo aos pastores de Belém, na noite santa. Este ano são o mote de todas as actividades do Presépio na Cidade que, mais uma vez, irradiará a partir da humilde gruta montada no adro da Basílica dos Mártires.
As pessoas andam cheias de medos… da troika, da crise, da vida, da morte – e a gente diz-lhes: “Não temais!”. As pessoas passam tristes… zangadas com o governo, com os patrões, com a família, com a vida – e gente diz-lhes: “Alegrai-vos!”. Pode ser que resulte… Resulte como? Muitíssimos não hão-de ligar nenhuma. Alguns – uma minoria – voltarão atrás e perguntarão: “Como não temer?” “Alegria… que alegria?”. A gente então responde com o resto do anúncio feito pelo Anjo: «Nasceu-vos hoje um Salvador, que é Cristo Senhor». Os anjos são os portadores de Boas Notícias, mas este Anjo foi o porta-voz da melhor notícia que a humanidade já recebeu: «Nasceu o Príncipe da Paz!». Alegria porque nasceu o nosso Salvador! Sim, Jesus Cristo é o nosso Salvador, o único e verdadeiro Senhor das nossas vidas. Ele veio para nos salvar, nos libertar do pecado, nos resgatar do mal e para nos trazer a Paz.
Certamente, os anjos andarão por aí cumprido a sua missão de mensageiros de Deus. Mas Deus quer servir-se de nós para sermos, nós também, portadores da Boa Notícia junto daqueles que, andando receosos e tristes, se recusam a atirar a toalha ao chão… não tapam os ouvidos, nem se deixam cegar pelo desespero, nem fecham o coração ao Amor. Foi assim com o Primeiro Anúncio, o Kerigma dos Apóstolos. Uns não ligaram, outros opinaram sobre a quantidade de vinho que eles teriam bebido, mas outros perguntaram: “Que devemos fazer?”.
Através das palavras do Anjo – que fazemos nossas – o evangelista São Lucas coloca-nos diante da realidade da Evangelização: uma notícia, uma boa notícia, uma notícia de grande alegria para todos.
No passado dia 15 de Novembro, numa intervenção feita perante a assembleia plenária do Conselho Pontifício da Nova Evangelização, o Papa Francisco reconheceu que «a indiferença para com Deus e a irrelevância dada à fé são marcas do nosso tempo». Que fazer então? «A Igreja – e, por isso, cada cristão – deve sair ao encontro dos que não têm esperança, não pensam como nós ou vivem situações difíceis do ponto de vista humano, material ou existencial ou até mesmo dos que não têm fé», sublinhou o Papa apontando o caminho: «dialogar com todos, sem medo e sem renunciar à nossa pertença».
Noutra ocasião, dizia o Santo Padre: «crer em Jesus significa oferecer-Lhe a nossa carne, com a humildade e a coragem de Maria, para que Ele possa continuar a habitar no meio dos homens; significa oferecer-Lhe as nossas mãos, para acariciar os pequeninos e os pobres; os nossos pés, para ir ao encontro dos irmãos; os nossos braços, para sustentar quem é fraco e trabalhar na vinha do Senhor; a nossa mente, para pensar e fazer projectos à luz do Evangelho; e sobretudo o nosso coração, para amar e tomar decisões de acordo com a vontade de Deus. Tudo isto acontece graças à acção do Espírito Santo”.
Gravei estas palavras do Papa que me impressionaram muitíssimo, mas não sei bem quando as disse. Talvez por ocasião do Dia Mundial das Missões…parece-me que foi, mas não sei ao certo. Só sei que parecem dirigidas a este grupo, que dando continuidade a essa lufada de Espirito de Santo que foi o ICNE (Congresso para a Nova Evangelização), promovem o Presépio na Cidade! Que bom ter-vos de novo ao pé da porta…
Cónego Armando Duarte