Leitura do Livro dos Actos dos Apóstolos (Act 2, 1-11)
Ideia principal: O Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes e une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
– Tanto a Leitura dos Actos, como o Evangelho (Jo 7, 37-39), embora com figuras distintas, nos descrevem a descida do Espírito Santo, completando-se entre si. Ensinam que o Espírito é a nova Lei que orienta o homem para o que é recto, é a unção que em nós penetra lentamente, ocupa o nosso interior, suaviza as asperezas, cura as dores e faz surgir entre nós comunidade e comunhão.
– A primeira Leitura tem, em pano de fundo, o episódio da Torre de Babel (cf. Gn 11, 1-9), uma afronta do homem a Deus: chegar ao Céu pelas suas próprias forças! O projecto fracassou porque se gerou a confusão, pela incomunicabilidade, pela dispersão. O Pentecostes cristão surge como a anti-Babel: O projecto realiza-se por intervenção de Deus, que faz descer sobre os Apóstolos o Seu Espírito em forma de línguas de fogo.
– Temos, na verdade, o reverso de Babel: lá, os homens, entregues a si próprios, deixaram-se levar pelo orgulho e a ambição desmedida; aqui, por intervenção de Deus, gera-se a unidade, uma comunidade capaz do diálogo, do entendimento, da comunicação. A comunidade messiânica surge da conversão das relações humanas, operada pela acção de Deus, pelo Espírito Santo, que leva à partilha, à relação, ao amor.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Ó Divino Espírito Santo! Vem sobre mim, como na manhã do Pentecostes, para que supere os medos, me ultrapasse e arrisque, com meus irmãos, na edificação de uma Igreja-comunhão, espaço de amor e de liberdade, comunidade universal da salvação, onde há lugar para todos e todos a enriquecem servindo-a na sua diversidade cultural e étnica. Ó Santo Espírito, fogo e vento que sopra, purifica-me e envia-me! Amem.
LEITURA I – Act 2, 1-11
Quando chegou o dia de Pentecostes,
os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar.
Subitamente, fez se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante
a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam.
Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo,
que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles.
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem.
Residiam em Jerusalém judeus piedosos,
procedentes de todas as nações que há debaixo do céu.
Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu se e ficou muito admirada,
pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua.
Atónitos e maravilhados, diziam:
«Não são todos galileus os que estão a falar?
Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua?
Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia,
do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia,
vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos,
cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».