Leitura do Livro de Sabedoria (Sab 18,6-9)
Ideia principal: Israel – como as nossas comunidades – deve estar “vigilante”, para conseguir discernir entre os valores efémeros e os valores duradouros.
– A primeira leitura deste domingo é extraída da última parte do Livro da Sabedoria (Capts 16 a 18), onde se exalta a Providência divina que castiga os egípcios e salva os israelitas. Este género literário tem um nome:”midraxe hagadá”, uma piedosa meditação sobre a história sagrada em que a intenção edificante lança mão da imaginação, sem grande preocupação pelo rigor histórico.
– Refere-se, em concreto, à “noite” em que foram mortos os primogénitos dos egípcios: para estes, uma noite de morte e de luto; para os judeus, uma noite de salvação e de louvor ao Deus libertador (cf. Ex 12,29-30). Israel responde a Jahwéh, dando graças: com sacrifícios, com a solidariedade e com o cântico de hinos (alusão ao Hallel – Sls 113-118 – cantados todos os anos durante a ceia pascal).
– Esta leitura e o Evangelho, completam-se… Israel, ao reflectir na história passada, confirma-se na certeza de que Deus é fiel. Esta certeza dá-lhe esperança para o futuro. O Evangelho (Lc 12, 35-40), por sua vez, apresenta uma catequese sobre a vigilância. O verdadeiro discípulo é aquele que está sempre preparado para acolher os dons de Deus, para responder aos seus apelos e para se empenhar na construção do Reino.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Ó Deus, dou-te graças por me teres feito saborear a bela lição do Livro da Sabedoria! Em cada Páscoa, os hebreus repetem os salmos e hinos que aprenderam de seus pais. Entre nós, tenta-se renegar os valores e o passado, e os danos veem-se… como dizia o poeta: “Um povo torna-se pobre/ quando lhe roubam/ as canções/ que aprendeu dos pais. Então fica perdido para sempre”. Livrai-nos de tal, Senhor! Amem.
LEITURA I – Sab 18,6-9
A noite em que foram mortos os primogénitos do Egipto
foi dada previamente a conhecer aos nossos antepassados,
para que, sabendo com certeza
a que juramentos tinham dado crédito,
ficassem cheios de coragem.
Ela foi esperada pelo vosso povo,
como salvação dos justos e perdição dos ímpios,
pois da mesma forma que castigastes os adversários,
nos cobristes de glória, chamando-nos para Vós.
Por isso os piedosos filhos dos justos
ofereciam sacrifícios em segredo
e de comum acordo estabeleceram esta lei divina:
que os justos seriam solidários nos bens e nos perigos;
e começaram a cantar os hinos de seus antepassados.