Leitura do Livro de Ben Sirá (Sir 35,15b-17.20-22)
Ideia principal: Deus não se deixa subornar pelas ofertas dos poderosos; em contrapartida, ama os humildes e escuta as suas súplicas.
– A 1ª Leitura insere-se num pacote de sentenças em que Jesus Ben Sira – um judeu piedoso que escreveu o Eclesiástico entre os anos 195 e 171 a.C. – procura apontar aos seus concidadãos o caminho da verdadeira “sabedoria”, que passa pela prática de uma “religião verdadeira”. Esta consiste no cumprimento da Lei e no respeito pelos direitos dos pobres e dos débeis. É essa a verdadeira religião que Deus exige do homem.
– O Evangelho (Lc 18,9-14) define a atitude do crente perante Deus, que recusa a soberba própria daqueles que estão convencidos que a salvação é o resultado dos seus méritos, e aprova a humildade do publicano que se apresenta de mãos vazias, disposto a acolher o dom de Deus. Ben-Sirá refere a atenção de Deus ao humilde, e ao indigente … estes rezam como o publicano, por isso “a sua oração atravessa as nuvens”.
– Goste-se ou não, Deus é também juiz. Um juiz justo… mas parcial: “Não favorece ninguém em prejuízo do pobre”. Os últimos são desprezíveis para a justiça humana; vai daí, Deus equilibra os pratos da balança, colocando no prato do pobre o peso da Sua glória! Deus é juiz também na oração, onde a Sua forma de ser imparcial consiste em demonstrar… parcialidade! É a oração do pobre que chega ao seu destino.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Ó Deus. Pai dos pobres! A Palavra recorda-me uma das Tuas perfeições… o “fraquinho” que tens pelos pobres, pelos “vencidos” e sem peso aos olhos do mundo. As injustiças cometidas contra eles, não as deixas passar em claro. Ensina-me, Senhor, a actuar segundo a Tua lógica, e assim, os que não encontram lugar à mesa dos privilegiados deste mundo, encontrem, através de mim, o Teu rosto misericordioso. Amem.
LEITURA I – Sir 35,15b-17.20-22a
O Senhor é um juiz
que não faz acepção de pessoas.
Não favorece ninguém em prejuízo do pobre
e atende a prece do oprimido.
Não despreza a súplica do órfão
nem os gemidos da viúva.
Quem adora a Deus será bem acolhido
e a sua prece sobe até às nuvens.
A oração do humilde atravessa as nuvens
e não descansa enquanto não chega ao seu destino.
Não desiste, até que o Altíssimo o atenda,
para estabelecer o direito dos justos e fazer justiça.