Leitura do Livro das Crónias (2 Cr 36,14-16.19-23)

Ideia principal: A vida eterna é-nos oferecida por Deus de forma incondicional e gratuita. Mesmo quando o homem escolhe um caminho errado, Deus sempre dá uma nova oportunidade.

– Os 2 volumes do Livro das Crónicas (título hebraico) ou dos Paralipómenos (na versão dos LXX), terá tido várias redações num período que vai de 515 a.C a 250 a.C. e forma um bloco com os livros de Esdras e de Neemias, designado como “Obra do Cronista”. Pretende fazer uma recapitulação da História da Salvação desde Adão até ao edito de Ciro, que permitiu o regresso dos hebreus exilados na Assíria.

– O excerto que lemos é tirado do final das Crónicas e enquadra-se bem no tempo da Quaresma. Passado mais de um século após o regresso do exílio, o Povo continua a perguntar-se: Porque fomos atingidos por esta desgraça? Porque permitiu Deus que o inimigo tivesse destruído e Templo e a cidade De Jerusalém? Na primeira parte da Leitura, até ao v.20, encontramos a resposta para estas perguntas…

– O autor das Crónicas, provavelmente um levita, certamente um crente preocupado em ler a história à luz da fé e em tirar daí as conclusões que se impõem, depois de interpelar o Povo, recordando tantas infidelidades, lembra que Deus não esquece as Suas promessas, pelo que as desgraças que se abateram sobre o povo não são definitivas. A reconstrução do Templo que o próprio Ciro urgiu, é disso um sinal.

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Ó Deus, Senhor do tempo e da História! Como sucedeu ao povo hebreu, quando abandonamos a Tua Palavra, que é a luz e a vida, caímos inevitavelmente nas trevas e na morte de um exílio qualquer. Ajuda-me, Senhor, a aproveitar este tempo favorável da Quaresma para rever a minha vida à luz do grande amor que me tens; e para me reaproximar de Ti e da Tua Palavra, a fim de recuperar a luz e a vida. Amem.

LEITURA I – 2 Cr 36,14-16.19-23

Naqueles dias, todos os príncipes dos sacerdotes e o povo multiplicaram as suas infidelidades,
imitando os costumes abomináveis das nações pagãs, e profanaram o templo que o Senhor tinha consagrado para Si em Jerusalém. O Senhor, Deus de seus pais, desde o princípio e sem cessar, enviou-lhes mensageiros, pois queria poupar o povo e a sua própria morada. Mas eles escarneciam dos mensageiros de Deus, desprezavam as suas palavras e riam-se dos profetas, a tal ponto que deixou de haver remédio, perante a indignação do Senhor contra o seu povo. Os caldeus incendiaram o templo de Deus, demoliram as muralhas de Jerusalém. Lançaram fogo aos seus palácios e destruíram todos os objetos preciosos. O rei dos caldeus deportou para Babilónia todos os que tinham escapado ao fio da espada e foram escravos deles e de seus filhos, até que se estabeleceu o reino dos persas. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pela boca de Jeremias: «Enquanto o país não descontou os seus sábados, esteve num sábado contínuo, durante todo o tempo da sua desolação, até que se completaram setenta anos». No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor, pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar, em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação. «Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da terra e Ele próprio me confiou o encargo de Lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de Judá. Quem de entre vós fizer parte do seu povo ponha-se a caminho e que Deus esteja com ele».