Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo a Filémon (Flm 9b-10.12-17)
Ideia principal: A Palavra deste domingo aponta para as exigências da opção pelo Reino; a 2ª Leitura – sobre a qual nos temos debruçado – enfatiza a necessidade de reconhecer cada homem como um irmão.
– Durante o seu primeiro cativeiro romano (anos 60-62), Paulo, que terá nascido no ano 7 da nossa era, teria 53, 54 anos, naquela época, já um ancião, escreve a Onésimo, um abastado cristão, membro destacado da comunidade de Colossas, a sua mais breve carta: 25 versículos, dos quais apenas 8 foram lidos. Uma carta muito bela do ponto de vista literário e reveladora da grande sensibilidade do Apóstolo.
– Pelo teor da carta, podemos reconstruir o que se terá passado… Onésimo, escravo de Filémon, fugiu de casa do seu senhor, a quem terá roubado, e foi para Roma. Lá, encontra-se com Paulo que o acolhe e instrui na fé, e, logo que Onésimo se torna cristão, reenvia-o a Filémon com uma afetuosa carta, pedindo que acolha o escravo como homem – da sua natureza, portanto – e como irmão, que passou a ser pelo batismo.
– Como lidou Paulo – e a Igreja apostólica – com a instituição da escravatura? Paulo, recomenda a Filémon que renuncie ao direito que lhe assistia de punir Onésimo, antes lhe pede que o receba como um irmão. Noutras ocasiões (cf Gal 3,38), defende a igualdade de todos e a abolição de todas as discriminações. Nada de violência… a solução é levar às últimas consequências os laços fraternos que unem todos os homens.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor Jesus, o Apóstolo Paulo aprendeu de Ti aquilo que nos transmite: quando está em jogo a liberdade e a dignidade da pessoa humana, a “neutralidade”, o receio de intervir, a indiferença, são, todas elas, opções erradas. Assim como a violência ou os gestos mediáticos… Paulo age segundo a sabedoria cristã: amar ao Teu jeito! Fez a opção do Reino; faça-a eu também. Jesus, torna o meu coração semelhante ao Teu. Amem.
LEITURA II – Flm 9b-10.12-17
Caríssimo:
Eu, Paulo, prisioneiro por amor de Cristo Jesus,
rogo-te por este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão.
Mando-o de volta para ti, como se fosse o meu próprio coração.
Quisera conservá-lo junto de mim,
para que me servisse, em teu lugar,
enquanto estou preso por causa do Evangelho.
Mas, sem o teu consentimento, nada quis fazer,
para que a tua boa ação não parecesse forçada,
mas feita de livre vontade.
Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum tempo,
a fim de o recuperares para sempre,
não já como escravo, mas muito melhor do que escravo:
como irmão muito querido.
É isto que ele é para mim
e muito mais para ti, não só pela natureza,
mas também aos olhos do Senhor.
Se me consideras teu amigo,
recebe-o como a mim próprio.