Leitura do Livro de Isaías (Is 22,19-23)
Ideia principal: Quem detém o poder “das chaves”, deve comportar-se como pai daqueles sobre quem exerce autoridade e procurar o bem de todos com solicitude, com amor, com justiça.
– O profeta Isaías nasceu por de 760 a.C., em Jerusalém. De família nobre, Isaías é um homem culto, decidido, enérgico, que frequenta os círculos de poder e faz parte dos notáveis do reino de Judá, defendendo sempre os oprimidos, os órfãos, as viúvas (cf. Is 1,17), e exortando o seu povo à conversão. Neste oráculo, refere um episódio palaciano que ilustra o modo como deve ser exercida a autoridade: como um serviço!
– O oráculo de Isaías situa-nos na época do rei Ezequias que, em 714 a.C., passou a reinar em Judá. Ezequias escolhe Chebna para administrador do palácio real e nessa função o investe solenemente. Parecia honesto, mas acaba por se revelar um oportunista, pois usa em proveito próprio dinheiros públicos, sendo, por isso, destituído do cargo. É o próprio Deus quem coloca no seu lugar Eliaquim e o reveste do poder que irá exercer, simbolizado pelas insígnias.
– A “túnica” e a “faixa” que eram de Chebna passam para Eliaquim, simbolizando a continuidade das funções. A “chave” corresponde a uma função concreta. O mordomo do palácio ordenava a vida da casa real, cuidando das entradas e das saídas. O governador escolhido tinha, pois, a missão de zelar pelo conjunto “da Casa de David”. Somente ele pode abrir e fechar, como só Pedro pode ligar e desligar (cf. Evangelho deste domingo – Mt16, 19).
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Ó Deus, Tu próprio escolhes Eliaquim como sucessor de Chebna… Ainda assim, tanto um como outro, o modo como exerceram o poder aparece associado a finalidades egoístas, interesseiras, pessoais. Somos tão frágeis, Senhor! Peço-Te por aqueles que, no país e na Igreja, estão revestidos de autoridade. Para que no exercício das suas funções renunciem a interesses próprios em benefício do bem comum. Amem.
LEITURA I – Is 22,19-23
Eis o que diz o Senhor a Chebna, administrador do palácio:
«Vou expulsar-te do teu cargo, remover-te-ei do teu posto.
E nesse mesmo dia chamarei o meu servo Eliacim,
filho de Elcias.
Hei de revesti-lo com a tua túnica,
hei de pôr-lhe à cintura a tua faixa,
entregar-lhe nas mãos os teus poderes.
E ele será um pai para os habitantes de Jerusalém
e para a casa de Judá.
Porei aos seus ombros a chave da casa de David:
há de abrir, sem que ninguém possa fechar;
há de fechar, sem que ninguém possa abrir.
Fixá-lo-ei como uma estaca em lugar firme
e ele será um trono de glória para a casa de seu pai».