22º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Leitura da Profecia de Jeremias (Jer 20,7-9)

Ideia principal: Seduzido por Jahwéh, Jeremias colocou-se ao Seu serviço. Como todos os que vivem da Palavra de Deus desafiando a lógica do mundo, o profeta conheceu o sofrimento, a solidão, a perseguição…

– O trecho faz parte de uma das “confissões de Jeremias”, dramáticas lamentações do profeta após a trágica morte do rei Josias. Jeremias é sensível ao sofrimento que lhe é causado pelo exercício da sua missão profética, já que os adversários consideram essas profecias um presságio de tudo o que de mal pode acontecer ao povo, incluindo conquista de Jerusalém por Nabucodonosor e o exílio na Babilónia (587 a.C.).

– Que ganhou o profeta com essa entrega ao ministério da profecia? Nada!!! Deus que o seduziu, abandonou-o sem dó, deixando-o entregue às zombarias dos adversários. O profeta de Anatot está dececionado… Decide, por isso, resistir à voz do sedutor: “não voltarei a falar nele, não falarei mais em seu nome” (v. 9). Porém, não consegue manter a sua decisão: “procurava contê-lo, mas não podia” (v. 9).

– Quando Deus chama, Ele escolhe quem quer, deixando aquele que é chamado, livre para responder. Uma resposta difícil, que constitui sempre um ato de confiança… tem por fundamento um grande amor, como uma paixão, um “fogo ardente” que abrasa o coração e comprime os ossos… Pelos homens, Jeremias abandonaria a missão. Porém, não foi o povo, mas Deus, quem o chamou… só por Ele deve agir!

 Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Pai Santo, obrigado pelo lamento de Jeremias! É o grito de um coração magoado, igual aos gritos que hoje hão de chegar ao Céu, saídos das entranhas de tantos que experimentam o abandono, a solidão e o aparente fracasso da missão. Também já gritei, ó Pai! Logo senti a Tua mão estendida e o Teu coração aberto… e, como Jeremias, recuei e prossegui na missão que me confiaste. Bendito sejas pelo Teu amor! Amem. 

LEITURA I – Jer 20,7-9

Vós me seduzistes, Senhor, e eu deixei-me seduzir;
Vós me dominastes e vencestes.
Em todo o tempo sou objecto de escárnio,
toda a gente se ri de mim;
porque sempre que falo é para gritar e proclamar:
«Violência e ruína!»
E a palavra do Senhor tornou-se para mim
ocasião permanente de insultos e zombarias.
Então eu disse:
«Não voltarei a falar n’Ele,
não falarei mais em seu nome».
Mas havia no meu coração um fogo ardente,
comprimido dentro dos meus ossos.
Procurava contê-lo, mas não podia.