Igreja do Santíssmo Sacramento
A invocação
O Orago, ou seja, aquele que dá o nome, é, nesta igreja, o Dono da Casa, o Senhor da Igreja: o Santíssimo Sacramento. A Igreja, atingida na sua fonte pela heresia protestante que negava a presença real de Cristo na Eucaristia, logo que, no Concilio de Trento, se recompôs do embate, como que sentia uma íntima necessidade de, em todas as circunstâncias, dizer e manifestar aquilo em que acredita a propósito do Jesus escondido. A primeira Paróquia de Lisboa criada após o Concílio de Trento – o Concílio terminou em 1563 e a Paróquia foi criada em 1584 – não podia ter outro orago: Santíssimo Sacramento!
Chegada a hora de edificar a igreja paroquial, até a escolha da sua orientação serviu para fazer catequese sobre a Eucaristia: o pórtico da igreja está voltado para oriente, como que a contemplar a Deus que nos visita como sol nascente (cf. 1, 78) e permanece connosco na sagrada Eucaristia, o sol que ilumina e é a fonte de vida, do cristão e da Igreja, neste dia que nasceu na manhã da ressurreição e cujo ocaso será a manifestação gloriosa de Cristo, em que Ele próprio, e não já por sinais, nos iluminará.
Na reedificação da igreja, após o terramoto, a Irmandade quis que mantivesse a mesma orientação, o que contrariava o plano de reconstrução da cidade, de Eugénio dos Santos. O Plano Geral, já aprovado pelo Marquês de Pombal, determinava que a igreja ficasse com a porta principal para a actual Rua Garrett, isto é, orientada para sul. A Mesa Administrativa da Irmandade, apoiada pela generalidade dos paroquianos, manteve a sua pretensão. As dificuldades foram muitas. Após prolongada batalha judicial, a Irmandade ganha a demanda.
A igreja do Santíssimo Sacramento continua a ser em Lisboa a única a designar-se por esta soberana Invocação, e também a única orientada para nascente. Sê-lo-á, por certo, até ao dia sem ocaso, em que os justos fulgirão como sol no reino de seu Pai (Mt 13, 43).
Ó Jesus, vinde e vivei em mim! Ó meu Jesus, eu Vos adoro em todo o lugar onde habitais sacramentado; faço-Vos companhia pelos que Vos desprezam; amo-Vos pelos que não Vos amam; desagravo-Vos pelos que Vos ofendem. Vinde espiritualmente ao meu coração. Amen.