27.º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Leitura do Livro do Génesis (Gn 2,18-24)

Ideia principal: «Esta é osso dos meus ossos e a minha carne»: pela primeira vez a voz humana ecoa no cenário da criação para, nem mais nem menos, declamar o primeiro canto de amor e ao amor, da Bíblia.

– Escutámos como 1ª Leitura o relato jahwista da criação, um texto do tempo do rei Salomão, ou seja, do séc. X a.C.. Contém as caraterísticas da tradição jahwista, em particular uma grande vivacidade de expressão, porém, embora a linguagem expresse o modo de pensar e de falar da época, aparece purificado de toda a magia e politeísmo, de tal modo que Deus surge como Senhor transcendente e Pai providente.

– Deus, Pai providente, tem um projecto de vida e de felicidade para o homem. O Jardim do Éden, onde o Criador colocou a Sua criatura, tinha todas as condições materiais necessárias ao bem estar homem. Era ele feliz? Não, falta-lhe alguém com quem compartilhar a vida. Cheio de amor, Deus vai resolver a situação… – Arranja ao homem outro auxilar… O principal auxílio, é o próprio Deus, que sempre socorre (auxilia) o Seu povo. Porém, Deus vai dar um outro auxílio ao homem: a mulher. Uma auxiliar que é “osso dos meus ossos”, um “alter ego”, têm ambos a mesma dignidade e direitos, um auxílio que vence a solidão, a grande ameaça que paira no Éden. “Os dois tornam-se uma só carne”: é doando-se, tornando-se auxílio do outro, que o homem – o homem e a mulher – se realiza como pessoa, seja no matrimónio, seja no celibato.

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Ó Deus, Criador! Um “sono profundo”… criar é ofício e segredo de Deus, o único Criador! A nós, cabe-nos o espanto… e adorá-l’O pelas Suas obras admiráveis… homem e mulher, dois lados que formam uma unidade, auxílio um do outro, comunicam-se, completam-se. Saiba eu cuidar do planeta, mas sobretudo, cuidar da Tua obra prima, o homem e a mulher. Nada estrague eu do que Tu fizeste, Senhor. Amem!

LEITURA I – Gn 2,18-24

Disse o Senhor Deus: «Não é bom que o homem esteja só:
vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele».
Então o Senhor Deus, depois de ter formado da terra
todos os animais do campo e todas as aves do céu,
conduziu-os até junto do homem, para ver como ele os chamaria,
a fim de que todos os seres vivos fossem conhecidos
pelo nome que o homem lhes desse.
O homem chamou pelos seus nomes
todos os animais domésticos, todas as aves do céu
e todos os animais do campo.
Mas não encontrou uma auxiliar semelhante a ele.
Então o Senhor Deus fez descer sobre o homem
um sono profundo e, enquanto ele dormia, tirou-lhe uma costela,
fazendo crescer a carne em seu lugar.
Da costela do homem o Senhor Deus formou a mulher
e apresentou-a ao homem. Ao vê-la, o homem exclamou:
«Esta é realmente osso dos meus ossos e a minha carne.
Chamar-se-á mulher, porque foi tirada do homem».
Por isso, o homem deixará pai e mãe,
para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne.