Leitura do Livro de Isaías (Is 50, 4-7)

Ideia principal: Os poemas do servo de Jahwéh, que vamos escutar na Semana Santa, são como um 5º Evangelho… sete séculos antes da Paixão de Jesus, Isaías parece que a está a relatar.

– Compõem a 1ª Leitura os primeiros 4 versículos do 3º poema do servo de Jahwéh. O texto consta de três estrofes correspondentes a três falas do próprio servo. Na primeira, sublinha-se a docilidade do discípulo; na segunda, o sofrimento que essa docilidade acarreta; na terceira, a fortaleza no meio das dores.

– Voltaremos a este 3º poema na quarta feira da Semana Santa; na segunda, escutaremos o 1º poema ou 1º cântico; na terça feira, o segundo; finalmente, na Sexta Feira Santa, na celebração da Paixão do Senhor, o 4º cântico. Tal acontece, porque a Igreja vê no servo de Jahwéh uma profecia de Cristo sofredor. Conhecer a “figura” do servo, ajuda-nos na compreensão do do mistério pascal de Cristo.

– Para Igreja, o servo é Cristo. Porém, para o profeta anónimo, autor do Livro da Consolação (Is 40 a 55), que pregou no final do exílio na Babilónia (entre 550 e 540 a. C.), quem é o servo? Ele Identifica-o logo no início do Livro: “Meu servo Israel, Jacob a quem Eu escolhi”… o servo é um singular que designa uma coletividade. Tendo como boa esta interpretação, somos induzidos a celebrar na Paixão de Cristo o mistério de sofrimento e de graça, que é o da Igreja de todos os tempos, nomeadamente na nossa época.

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor Jesus, o Servo Sofredor, que fizeste da Tua vida um dom por amor! Assim, mostras aos Teus discípulos o caminho: a vida, quando é posta ao serviço da libertação dos irmãos, perturba os poderosos –  – por isso, nos caluniam e maltratam… – é uma vida vitoriosa! Senhor Jesus, que o caminho que contigo quero fazer nesta Semana Santa, me confirme no desejo de uma entrega radical ao Teu serviço. Amem.

LEITURA I – Is 50,4-7

O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo,
para que eu saiba dizer uma palavra de alento
aos que andam abatidos.
Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos,
para eu escutar, como escutam os discípulos.
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos
e eu não resisti nem recuei um passo.
Apresentei as costas àqueles que me batiam,
e a face aos que me arrancavam a barba;
não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio,
e, por isso, não fiquei envergonhado;
tornei o meu rosto duro como pedra,
e sei que não ficarei desiludido.