Domingo I da Quaresma

EVANGELHO – Mt 4,1-11

Naquele tempo,
Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, a fim de ser tentado pelo Demónio.
Jejuou quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome.
O tentador aproximou se e disse lhe:
«Se és Filho de Deus, diz a estas pedras que se transformem em pães».
Jesus respondeu lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’».
Então o Demónio conduziu O à cidade santa, levou O ao pináculo do templo e disse Lhe: «Se és Filho de Deus, lança Te daqui abaixo, pois está escrito:
‘Deus mandará aos seus Anjos que te recebam nas suas mãos,
para que não tropeces em alguma pedra’».
Respondeu lhe Jesus: «Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».
De novo o Demónio O levou consigo a um monte muito alto,
mostrou Lhe todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse Lhe:
«Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares».
Respondeu lhe Jesus: «Vai te, Satanás, porque esta escrito: ‘Adoraras o Senhor teu Deus e só a Ele prestaras culto’».
Então o Demónio deixou O e logo os Anjos se aproximaram e serviram Jesus.

Ideia principal: Ignorar Deus e as suas propostas é uma tentação diabólica que o cristão, firmemente, deve rejeitar.

– Os destinatários do Evangelho de Mateus conhecem bem o Antigo Testamento, por isso percebem o paralelismo entre Israel, o filho que Deus chama do Egipto e se comporta com rebeldia, e Jesus, o Filho obediente. Face a três acontecimentos do êxodo: o dom do maná (Ex 16), a falta de água (Ex 17), o bezerro de ouro (Ex 32), o povo murmura, enquanto Jesus supera as mesmas tentações.

– As tentações de Jesus, quer cronologicamente, quer em termos lógicos, vêm a seguir ao Baptismo (cf. Mt 3,13-17). É na Sua condição de baptizado, isto é, de Filho de Deus, que Jesus é tentado pelo diabo, diá-bolos, o máximo “divisor” ou “separador” comum. A tentação consiste na subversão da vontade do Pai: ficar com os reinos deste mundo e “separado” de Deus”. “Vai-te, Satanás!”, é a resposta de Jesus.

– O “deserto” bíblico não é um lugar geográfico, mas teológico: o lugar da “provação”, onde o povo Hebreu experimentou o abandono de Jahwéh; mas é também o lugar do encontro com Deus, onde aprendemos a escutar a voz dos silêncios de Deus e a ler o mapa da Sua Palavra. É um lugar de passagem, que não serve para morar e, como tal, uma metáfora da nossa vida, onde sabemos que estamos de passagem.

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Pai Santo, só diante de Ti que eu me prostro. Eu Te bendigo pela Palavra que sai da Tua boca; eu a acolho no Teu Filho, Jesus. A tentação acompanha-me desde o Baptismo e perseguir-me-á até Morte, visando afastar-me de Ti e dos Teus dons, para me pôr ao serviço dos deuses mundo. Eu Te dou graças, ó Pai, porque Jesus me aponta o segredo da vitória sobre o tentador: a fidelidade e a obediência à Palavra. Amem