Na véspera dos dias em que Jesus consumaria a obra da nossa Redenção, através da Sua Paixão, Morte e Ressurreição – o Mistério Pascal de Cristo -, ou seja, na Quinta Feira Santa, depois da Ceia da instituição da Eucaristia, Jesus despede-se dos discípulos, anunciando-lhes uma nova forma de presença. «Não vos deixarei órfãos: Voltarei para junto de vós (Jo. 14, 18)».

Como continuará a ser possível esta comunhão de vida com Jesus e, por Ele, com o Pai? Através do “outro” Paráclito, o Espírito da verdade que o mundo não pode conhecer (cf Jo, 16-17). Paráclito significa Defensor, Consolador, Intérprete. O Espírito Santo é fonte permanente de comunicação, compreensão e comunhão, o grande construtor de pontes entre nós, uns com os outros, e com Deus; é o Amor, que destrói todos os muros, preconceitos, ódios, divisões, incompreensões.

É o Espírito de verdade, que nos vai introduzindo na plenitude da verdade, isto é, numa comunhão de vida cada vez maior com Jesus. Ele é a Verdade, porque n’Ele se realiza a revelação total de Deus.

Porém, o Espírito Santo esbarra com “o mundo”… Que mundo é este aonde o Espírito faz ricochete? Os outros, os terroristas, os ateus, os defensores de leis iníquas? Não, para Jesus o mundo não são as pessoas, mas aquela parte do coração do homem – do homem e da mulher, de cada homem e de cada mulher – onde se escondem ódios, concupiscências, paixões desregradas. Daí que, para que a promessa de Jesus se cumpra na tua vida, e tu possas experimentar aquela comunhão de vida com Ele, tens de converter essa parte do teu coração onde reinam as trevas, o pecado, a morte.

Por isso, antes da celebração do Mistério Pascal de Cristo – na Páscoa – e da vinda do Espírito Santo – o Pentecostes – fomos convidados, na Quaresma, à conversão. Na vida cristã tudo tem a ver com tudo. Não se podem queimar etapas!

Cónego Armando Duarte

24/05/2017