Leitura do Livro de Isaías (Is 63,16b-17.19b; 64,2b-7)
Ideia principal: Deus, que é “pai” e “redentor”, virá para o libertar do pecado e recriar um Povo de coração novo. Assim nos deixemos nós moldar por Deus, como barro nas mãos do oleiro.
– Escutámos a oração de um profeta anónimo do pós-Exílio, pelos anos 537/520 a.C., numa Jerusalém em reconstrução levada a cabo por uma população pouco numerosa, pobre e desalentada, indiferente à presença de Jahwéh, à Aliança e ao culto que, no coração das gentes, ocupam um lugar secundário. Nas vezes do povo, o profeta reconhece a culpa e pede perdão; ao Deus da história, pede-Lhe que intervenha para salvar.
– Sois nosso pai e nosso redentor… É no NT que se revela o sentido profundo da paternidade de Deus e da nossa condição de filhos… mas, já no AT, Deus é chamado pai em virtude da Sua ação protetora e salvadora. Redentor (goel) é, na família judaica, aquele que tem por tarefa a defesa dos membros mais frágeis; neste sentido, Jahwéh é redentor, pois é o defensor do povo que escolheu para Si.
– Oh, se rasgásseis os céus e descêsseis! Não foi só para aquela ocasião, os céus não se abriram para se fecharem de novo. Por aquele “rasgão” desceu o Emanuel, o Deus connosco. Este texto de Isaías, aplica-se ao mistério da Encarnação. Jesus é o próprio Deus que vem para nos resgatar do pecado e da condenação eterna. Recebamos o que Ele vem dar-nos. Acolhê-lo, supõe uma humilde disponibilidade para receber.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Ó Deus, que nos conheces melhor que nós próprios nos conhecemos… não nos seria possível sair, apoiados nas nossas forças, desta rotina de rebeldia e de infidelidade em que vivemos. Por isso Te assumiste como nosso Pai e de Redentor, e, assim, fizeste “descer” Jesus e n’Ele Te tornaste o Deus connosco. Que eu saiba receber as bênçãos que por Ele me concedes. Pobre de tudo, eu O saiba acolher no meu coração. Amem.
LEITURA I – Is 63,16b-17.19b; 64,2b-7
Vós, Senhor, sois nosso Pai e nosso Redentor, desde sempre, é o vosso nome.
Porque nos deixais, Senhor, desviar dos vossos caminhos
e endurecer o nosso coração, para que não Vos tema?
Voltai, por amor dos vossos servos e das tribos da vossa herança.
Oh, se rasgásseis os céus e descêsseis!
Ante a vossa face estremeceriam os montes!
Mas Vós descestes e perante a vossa face estremeceram os montes.
Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram
que um Deus, além de Vós, fizesse tanto em favor dos que n’Ele esperam.
Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos.
Estais indignado contra nós,
porque pecámos e há muito que somos rebeldes, mas seremos salvos.
Éramos todos como um ser impuro,
as nossas ações justas eram todas como veste imunda.
Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento.
Ninguém invocava o vosso nome, ninguém se levantava para se apoiar em Vós,
porque nos tínheis escondido o vosso rosto e nos deixáveis à mercê das nossas faltas.
Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro;
somos todos obra das vossas mãos.